A olivicultura brasileira é uma realidade e está em constante evolução. Nas últimas safras, algumas colheitas prematura vêm chamando a atenção de especialistas. No sul de Minas Gerais, região de Maria da Fé, na Serra da Mantiqueira, a antecipação é de, pelo menos, quatro meses em relação a outras regiões produtoras. Situação também considerada inusitada ocorreu em 2019, no Rio Grande do Sul, quando a safra começou em janeiro, provavelmente provocada pelas condições climáticas que castigaram os pomares durante o ciclo daquele ano. A Revista Azeites & Olivais contatou técnicos, pesquisadores e produtores para saber o motivo desse tipo de ocorrência.
De acordo com o pesquisador Luiz Fernando de Oliveira da Silva, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), as condições climáticas adversas são determinantes e exemplifica a cultura do café, que terá uma queda expressiva na região, este ano, devido a imprevistos como chuva e granizo forte.
A antecipação também foi observada pelo projeto Oliva SP. A pesquisadora científica Angélica Prela Pantano explica que grande parte dos olivais floresceram já em julho, o que provocou o desenvolvimento mais rápido dos frutos na região. “É um ano de muita seca e altas temperaturas alternando com dias frios. Só agora, na segunda quinzena de novembro, estamos tendo retorno das chuvas em São Paulo e Minas Gerais”, completa.
“Pessoalmente, venho acompanhando o cultivo de azeitonas no Brasil, Uruguai, Espanha, Marrocos, Chile e Argentina há 28 anos e não me lembro de um ano igual ao outro”, diz o consultor uruguaio Sergio Gomez, diretor da Olivo Noble (Onoser), uma das maiores operadoras de logística em oliveiras do país vizinho. “Lembro que, ano após ano e com o passar do tempo, aprendemos mais e cometemos menos erros. Por isso é necessário seguir sempre com estudos e investigações sobre o tema”.
O também uruguaio Jorge Enrique Pereira Benitez, PhD em genética de plantas e consultor internacional em olivicultura, acredita que a diferença entre as safras serão frequentes. “Devido às mudanças climáticas, cada ano será cada vez mais singular. Experiência e informação nos ajudarão a diminuir as margens de erro, uma vez que as intempéries sempre existirão nos cultivos”.
Benitez complementa ainda que em estudo comparativo entre Tenerife (Ilhas Canárias 28 °, 1-28 °, 3 Latitude Norte) em relação à Andaluzia, Espanha, datas de floração mais precoces (entre 60 e 130 dias) e períodos de floração muito mais longos, observados nas variedades Picual e Arbequina (entre 90 e 140 dias). Isso é causado principalmente por uma explosão do botão de floração de forma assíncrona que pode impactar negativamente o rendimento e a qualidade do fruto. As causas mais prováveis destas diferenças na fenologia da floração entre a Andaluzia e Tenerife são a falta de frio do inverno nas localidades de Tenerife.
Outras diferenças são a ocorrência de até três períodos de floração em um ano e a presença de até oito diferentes estágios de desenvolvimento fenológico na mesma árvore. Estas observações devem ser ampliadas para outras variedades, mas são um indicador da influência da variação das condições climáticas ao longo do ano que ocorrem naturalmente em Tenerife sobre a fenologia da oliveira. São um avanço do que pode trazer mudanças nos parâmetros climáticos observados em todo o mundo.
A reestruturação de um planejamento
Em 2010, durante uma viagem à Turquia, a paulista Rosana Chiavassa encantou-se com a imensidão dos olivais que avistou do alto de um balão, na Capadócia. “Eles têm força e passam uma imagem de luta, pois vão construindo sua estrutura de forma irregular, adaptando-se às dificuldades”. Anos depois, em 2018, teve a oportunidade de conhecer de perto a rotina de um pomar, em Minas Gerais. O acompanhamento das atividades de pós colheita, poda, florada e frutificação aumentou a paixão de Rosana pela olivicultura, que decidiu empreender na área.
Atualmente, à frente da Fazenda Santa Helena, em Maria da Fé, nos pomares de até 15 anos em pleno vigor, são cultivadas azeitonas arbequina, grapollo e koroneiki. De um blend das três variedades surgiu o azeite de oliva extravirgem com a marca Monasto. Com sabor intenso e frescor proporcionado pelo azeite jovem, a safra 2020 foi elaborada a partir da extração de 18 toneladas de azeitonas.
Excepcionalmente, este ano, todo o planejamento da próxima safra na propriedade teve que ser alterado pois a próxima colheita já começou no dia 19 de novembro.
A expectativa, agora, está no tipo de azeite que será elaborado, ou seja, se essa antecipação vai alterar o sabor e aroma do azeite produzido.
Azeite de Oliva Extravirgem Monasto
Foram colhidas as azeitonas das variedades grappolo 541 e arbequina, acompanhe as fotos da colheita que começou hoje e certamente entrará para a história da olivicultura no Brasil.
Foto: Rosana Chiavassa
Foto: Rosana Chiavassa
Foto: Rosana Chiavassa
Para saber mais e comprar o azeite, visite o site https://www.magaduolival.com.br/azeite-monasto
Magadu Olival
Fazenda Santa Helena
Maria da Fé – Minas Gerais
SAC: (11) 99986-4790
Sobre a região
As primeiras oliveiras foram levadas a Maria da Fé pelo agricultor português Emidio Ferreira dos Santos, que desembarcou em 1933 no porto do Rio de Janeiro.
De família com tradição na produção de azeites, o lusitano trouxe na bagagem mudas e sementes de oliveiras, macieiras, nogueiras, carvalhos e cerejeiras, que foram plantadas na praça do município.
O cultivo se expandiu e, desde o ano 2000, Maria da Fé passou a ser referência em olivais sustentáveis, orgânicos e biodinâmicos, fomentando a região e incentivando outras atividades, como o olivoturismo.